quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Arnaldo Antunes

Um fio do seu cabelo está na minha cabeça
E não há nada que faça
Com que isso desaconteça.
Um fio do meu cabelo está na sua
e não há nada
que o substitua.
Nem o sol,
nem a lua.
Nem a luz do pensamento mais intenso
que você pense
que eu penso.

Para Antônio Cícero

Do que não tem graça
Nada acho
E guardo para mim a des-graça
Falo porque creio
E isto posto
Vou aqui logo a este ponto
Final
.

Paulo Leminski

AMOR BASTANTE
quando eu vi você
tive uma idéia brilhante
foi como se eu olhasse
de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante
basta um instante
e você tem amor bastante
um bom poema leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você
caminhando junto
LEMINSKI, Paulo. La vie en close. São Paulo: Brasiliense, 1991.
Postado por Antonio Cicero
www.antoniocicero.blogspot.com

O BILHETE - NOVO CAPÍTULO

Se você está acompanhando a história de uma certa jovem chamada Nicoleta e suas aprontações na cidade do Rio de Janeiro, na mansão de seu tio milionário, não perca mais um capítulo... procure entre as postagens antigas e achará lá o capítulo inédito (8) dessa história de amor.
Se não leu os capítulos iniciais é só pedir aqui pelo blog.

Um abraço a todos.
Marielza

terça-feira, 24 de novembro de 2009

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Letra para quem?

Outro dia acordei e me veio uma letra de música... um samba, vejam só. Não sou sambista, mas já havia recebido o recado de me chegariam letras e que eu anotasse imediatamente.
Assim, quando aquela letra de samba meio trágica me veio, obedeci e anotei logo.
Bem... depois, fiquei com o pensamento insistente de que deveria enviar para pessoas ligadas ao samba, pois era um recado para alguém.
Mais uma vez segui minha intuição e assim fiz. Mandei a letra para Tereza Cristina e para o Diogo Nogueira, através do Myspace.
Como a intuição me manda divulgar a letra, sigo meu coração e também a publico aqui...
Aí vai ela:

MEU AMIGO ZÉ
Zé meu amigo você se feriu
Caiu nos espinhos
Quase desistiu
Cadê seu chapéu?
Onde o escondeu?
A calça afinada
Que o Jura* te deu?
Não pense que é só
Dizer fui e ir
Aqui tem mais vida
Do que tem aí
Mas venha na hora
Que for convidado
Talvez pela dor
Não pelo machado
Zé meu amigo
Fique um pouco mais
E faça um samba
De dor e saudade
Mais vale um samba vivo
Que um sambista acabado
_____________________________
* Jura ou Juca, não sei ao certo
____________________________________________________SOBRE A VIDA

A vida não é rasa
Deveras se apresenta de fininho
Como o fino sentimento
Que transpassa o peito
Num poema, canção, deleite de momento
Um quadro, cor, paisagem
Uma palavra solta
O vento

A vida não é rasa
Rasga, rompe, quebra, fere
Grita, corta, mata, abala estruturas
Livra a água da amargura
Em diques fechados nos olhos
Com soluções de temporais e raios

Alaga a terra seca
Invade mata a dentro
Persegue os bichos-coisas-gente
E morde o rabo dos tementes

A vida nunca é rasa
Mesmo quando pinga
Mesmo quando racha
Mesmo quando é pouca
Quando tão sem graça
Quando tão sem dentes
Quando aquela praça
Já não tem criança
E aquele céu não tem mais pipas

Não é rasa
Ou reta como linha
Não é pouca
É sua e minha
È uma flor
E faca
Não é coice
É pata

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Seduções do Poder


De repente vem um pensamento invasivo
De que tudo deve ser como você quer
Ou então...
E são feitas mil promessas de vingança
E auto flagelos
Múltiplas formas de exercer o poder
E a decisão é premente
Seguir ou não o caminho do domínio
Em que o outro é terra conquistada
E todos são servos e mais nada?
As células do corpo pedem o comando
E vão seguir o rumo escolhido
Seremos ditadores no desejo?
Seremos libertários da vontade?
Subiremos ou não ao trono?
Carregaremos ou não a coroa dos inquestionáveis?
Nosso organismo quer saber
Se deve enrijecerE doer
Para dar conta do poder acima de tudo
Porque é preciso ser duro para não ceder
É preciso controlar cada músculo
Para não demonstrar fragilidade
E esse é o preço do comando absoluto
Reter emoções? Sim senhor, obedeço
E lá vai o intestino impedindo o fluxo dos excrementos
Que se acumulam, mal cheiram
E contagiam tudo por dentro
Não demonstrar fraquezas?Sim senhora, é pra já.
E o pulmão retém o ar
Até quase não poder mais
È pra trancar tudo na raça?
Pra isso dá-se um jeito...
E o estômago diz sim
E devora a si mesmo
O poder desmedido
Tem seduções disfarçadas
Chama-se de brio, orgulho próprio
Defesa de território
Mas quando vemos a carteira
Sua verdadeira identidade
Chama-se pobreza de alma
Decisão mesquinha, vaidade
É preciso a cada dia
Ter nas mãos um remedinho
Feito de coragem, simplicidade e carinho
Porque é o poder absoluto
Que no fim do filme...
Mata o mocinho

Buquê

Buquê



Não mais confissões de culpa
Alma aberta ao julgamento público
Livro da vida escancarado
Para quem quiser ler

Os mistérios particulares
Estejam claros
Tudo revelado no espelho
Diante de meus olhos

Apenas eu
Nua
Tocando meus segredos
Como pétalas de flor
Flor pequena do caminho
Flor rara da montanha
Maria sem vergonha
No meio da estrada

Nos Alpes intocada
No centro da floresta
Vitória régia
Flor da noite no jardim


Todas eu
Nuances da vida que carrego
Na pele, no centro
Submersas ou não

Todas ali dispostas
Ao querer e a nada mais
Abrindo-se ao sol do meu olhar
Sem medo nenhum de existir

A quem me darei vitória régia?
A quem maria sem vergonha?
Quem me tocará flor da noite?
Quem virgem na montanha?

Quem me virá sol
E me espalhará vento
No campo imenso
Das inúmeras possibilidades?

Eu me virei sol
E me espalharei vento
E serei um campo imenso
Onde me colherei buquê

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

o sonho


(Sebastião da Gama )


Pelo sonho é que vamos, comovidos e mudos.

Chegamos? Não chegamos?

Haja ou não haja frutos, pelo sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos.

Basta a esperança naquilo que talvez não teremos.

Basta que a alma demos, com a mesma alegria,

ao que desconhecemos e ao que é do dia a dia.

Chegamos? Não chegamos?

Partimos.

Vamos.

Somos.


(esse poema nos foi enviado por Guilherme Medina)