"Madrugada me encontrou rio de água salgada.
Nascente no coração
Corredeira pelos olhos.
Madrugada me diz que todos os caminhos
Levam ao mar."
terça-feira, 26 de maio de 2009
sábado, 23 de maio de 2009
quinta-feira, 21 de maio de 2009
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Mar Imenso
MM
Esse mar que trago aqui nos olhos
Velado pelas lentes de apartar o mundo
É imenso
Largo sentimento
Trago aqui no lenço de chorar
No incenso para meditar
No intento de amar
No silêncio de amar
Meu sentimento-mar
Na gota de suor que escorreu
Do olhar que disse tudo
Mas você não viu
No tanto de amor que não se deu
No silêncio do seu mar
Do mar que não é meu
Seu mar imenso
O vento já não canta pra voltar
Ao porto onde ninguém vai estar
O horizonte diz que vai mesmo chegar
Nunca
Ao indivisível mar
Meu-seu lugar
Imenso
Esse mar que trago aqui nos olhos
Velado pelas lentes de apartar o mundo
É imenso
Largo sentimento
Trago aqui no lenço de chorar
No incenso para meditar
No intento de amar
No silêncio de amar
Meu sentimento-mar
Na gota de suor que escorreu
Do olhar que disse tudo
Mas você não viu
No tanto de amor que não se deu
No silêncio do seu mar
Do mar que não é meu
Seu mar imenso
O vento já não canta pra voltar
Ao porto onde ninguém vai estar
O horizonte diz que vai mesmo chegar
Nunca
Ao indivisível mar
Meu-seu lugar
Imenso
triste fim de um autoexame
Hoje eu disse para mim:
Tu ta um tiquinho assim
Um naco de bolo velho
Desprezado por formigas
Gritei bem alto aos berros
A boca colada no espelho
Ora vá pra... te catar
Será que eu num tô na esquina?
Vai lá e vê se me erra
Eu respondi aos meus gritos
Com gesto de pleno triunfo:
Espantou até a pulga
A última amiga que tinha
Que pegou toda a bagagem
E foi morar no cachorro
Triste fim de um autoexame
Tu ta um tiquinho assim
Um naco de bolo velho
Desprezado por formigas
Gritei bem alto aos berros
A boca colada no espelho
Ora vá pra... te catar
Será que eu num tô na esquina?
Vai lá e vê se me erra
Eu respondi aos meus gritos
Com gesto de pleno triunfo:
Espantou até a pulga
A última amiga que tinha
Que pegou toda a bagagem
E foi morar no cachorro
Triste fim de um autoexame
TENTÁCULOS
Abri minha boca pra você e disse:
Sopra, vamos, sopra
Você veio vindo:
Não entendo o que quer com isso
Sopra você aqui dentro
E vou ficar preso aí ?
Só quero seu sopro
Mas eu sou meu sopro
Ah... então
Ofereci meus ouvidos a você e disse:
Fala, vamos, me fala
Você veio vindo:
Não entendo o que quer com isso
Sorverei idéias
Mas, por que?
Só converse
Não posso, eu sou minha idéia
Ah... então
Ofereci meu corpo a você e disse:
Pega, vamos, me pega
Você veio correndo:
Hum... isso eu entendo
Sopra aqui dentro
Sim.. sim...
Fala... me fala...
Falo sim, falo o que quiser
Ah... então...
Adeus
Não quero só tentáculos
Sopra, vamos, sopra
Você veio vindo:
Não entendo o que quer com isso
Sopra você aqui dentro
E vou ficar preso aí ?
Só quero seu sopro
Mas eu sou meu sopro
Ah... então
Ofereci meus ouvidos a você e disse:
Fala, vamos, me fala
Você veio vindo:
Não entendo o que quer com isso
Sorverei idéias
Mas, por que?
Só converse
Não posso, eu sou minha idéia
Ah... então
Ofereci meu corpo a você e disse:
Pega, vamos, me pega
Você veio correndo:
Hum... isso eu entendo
Sopra aqui dentro
Sim.. sim...
Fala... me fala...
Falo sim, falo o que quiser
Ah... então...
Adeus
Não quero só tentáculos
domingo, 17 de maio de 2009
Pra pensar
O MESTRE E A DISCÍPULA
III - Os desejos-
É tão difícil descobrir o que queremos de verdade...
- Sim, é verdade, filha.
- Mestre? Quando descobriu seus desejos, o que fez?
- Realizei-os.
- Oh, todos?
- Sim, praticamente.
- Mas isso não é pecado?
- Alguns sim.
- Não entendo então.
- Agora eu sei o que cada um era. Mas antes, não.
- E isso lhe desculpa por ter sido tão leviano?
- Sim.
- Mestre!
- Que quer, meus desejos eram meus tesouros!
- Mestre!
- Filha querida, vejo que a escandalizo...
- Confesso que sim.
- E por que exatamente?
- Nunca pensei que alguém pudesse falar sobre isso com tanta naturalidade, ainda mais você Mestre.
- Esperava o que?
- Mais discrição e até o silêncio sobre esse assunto.
- Sim?
- Era isso que esperava de você.
- Isso convém a um sábio, não ?
- Está claro que sim.
- É assim que você deseja ser no futuro?
- Sim, Mestre. Desculpe se estou sendo grosseira. Sabe o quanto o amo, mas...
- Eu a decepcionei, ahn?
- Não, Mestre...
- Fale, não me aborrecerei...
- É que sempre foi a personificação da bondade e do equilíbrio para mim...
- E no que mudei?
- Foram essas suas confissões que me espantaram...
- Não fiz confissão alguma...
- Fez sim! Sobre os seus desejos!
- Mas isto não é segredo para ninguém aqui.
- Quer dizer que todos sabem?
- Sim.
- Mestre!
- Sim, filha?
- Como pode falar isso assim?
- Você não é alguém a quem amo?
- Mas pode me influenciar negativamente, Mestre. E se eu sair por aí repetindo as coisas que fez?
- Não poderá fazer isso.
- Como não?
- O que fazemos é fruto de nosso próprio desejo e não do desejo do outro.
.- Mas podemos influenciar as pessoas à nossa volta.
- Não quando falamos à verdade.
- Mestre, não compreendo. Mais uma vez fala por enigmas.
- Filha, quando meu tesouro era o dinheiro, busquei-o com todas as forças e fui muito infeliz. Semeei a infelicidade e fiquei só por muito tempo. Esta é a verdade. Daí entendi que o dinheiro tem um valor apenas relativo e nunca mais o desejei como algo vital.
- Mas esta história resumida parece simples. E as pessoas que magoou, isto não poderia ter sido evitado?
- Poderia se soubesse na época o que hoje sei. Mas não antes.
- Mestre, está confundindo minha cabeça. Que diz? Que devemos realizar todos os nossos desejos sem pensar?
- Não, de maneira alguma.
- Mas então não compreendo nada.
- Filha, o desejo que faz sofrer é aquele que nunca é reconhecido e permanece atormentando a alma.
- Mas, quer dizer que quando damos asas à nossos desejos, sejam quais forem, não estamos errando?
- Digo a você, filha, que o desejo em si não é um erro. Erro é nunca reconhecê-lo para que ele se transforme.
- Mas se tiver desejo de matá-lo, aqui, agora, Mestre, devo então realizar isso?
- E tem esse desejo?
- Está claro que não.
- Então por que você se preocupa com isso?
- Mas, Mestre, outras pessoas poderão ter esse desejo de matar.
- E muitas delas matarão.
- Então Mestre! Não acha que esta sua teoria está equivocada?
- E por que?
- Por que não se aplica a todas as situações e a todas as pessoas. Como posso aceitar que devemos saciar nosso desejo, quando o poço fundo de nossa alma pode abrigar estranhas e perigosas vontades?
- E o que acha que devemos fazer em relação a elas?
- Sufocá-las, trancá-las, esquecê-las.
- Sim... compreendo...
- E o que diz sobre isso?
- Temo por toda a pessoa que siga este rumo.
- Serão mais perigosas que as outras que fazem o que desejam?
- Sim, serão.
- Mestre, o que diz? Por que me confunde tanto?
- O assassino mais perigoso é aquele que permanece trancado no porão da alma, porque ele tem tempo para maquinar sua vingança. E quando pode realizá-la o faz com requintes de crueldade.
- E o que mata por impulso, também não é culpado?
- Sim, é. E compreenderá logo isso.
- Mas então?
- O outro, aquele que levedou no porão, teve tempo para convencer-se de que sua natureza é a de um assassino e só com muito custo e sofrimento terá sua paz de volta.
- Perdão, Mestre. Você é um sábio, mas suas palavras são profundas demais para mim.
- Filha, pode me dizer um desejo seu? Um desses bem pecaminosos?
- Mestre!
- Já possui algum que está trancado no porão? Está bem, vamos fazer isso de uma outra maneira. Eu vou contar uma história e você completará na medida em que eu abra espaço na narrativa, está certo?
- Sim...
– falei um tanto desconfiada.
- Era uma vez – começou ele...
– Uma princesa muito tímida. Vivia sozinha e trancada em seus aposentos. Por mais lhe chamassem ela não queria estar com ninguém. Quando estava só ela pensava repetidas vezes em...
- Ahn.. devo continuar a história?
- Sim. Essa é a brincadeira.
- Bem... a princesa pensava repetidas vezes em... em...
- Hum?
- Em um príncipe dos seus sonhos e como ele era bom, sábio, bonito, delicado, perfeito, enfim. Não poderia se casar com nenhum outro diferente daquele que estava em sua mente.
- E a princesinha desejava muito...
- Ela desejava que ele viesse, a raptasse e a levasse para o seu castelo onde seriam felizes para sempre...
- Mas se ela fizesse isso...
- Seus pais sofreriam muito, além de que seria considerada uma perdida...
- É isso que você deseja, filha?
- Eu?!?!
Meu Mestre desconcertou-me.
- Se surgisse um homem como esse da sua imaginação, se ele existisse, você partiria com ele?
- Não! Isso não seria certo!
- E por que?
- Porque aqui, em reclusão, me tornarei uma pessoa equilibrada e sábia. E lá, no mundo, eu seria apenas uma mulher como tantas outras...
- Então supõe que a sabedoria vem a você por um único caminho? Já pensou filha, que quando você se fecha em mau humor e se isola, pode estar amordaçando algo tão bonito quanto a capacidade de amar, gestando uma mulher fria e infeliz?
- Não, Mestre! A sabedoria me ajudará.
- A sabedoria não é amiga da ilusão, filha. Nunca passe por cima do que você é. Pode sentir todos os desejos mais horríveis dentro de você, se não os nega, pode ter chance de transformá-los antes que sejam perniciosos para você e para alguém. Mas se os trancafia dentro de você e finge que eles não estão lá está construindo uma máscara que lhe fará desconhecer-se e amargurar-se para sempre. Ás vezes quando reconhecemos um desejo, não conseguimos evitar de satisfazê-lo. A lei é de progressão e por isso não presenteia a ninguém com uma felicidade que não conquistaram por si mesmos... além disso a mulher que ama trancada no porão poderá se tornar alguém muito perigoso...
- Assim me assusta, Mestre...
- Venha cá minha menina. Deixa que lhe diga o que vejo em seus olhos. Você é uma bonita mulher, tem sonhos que acha lindos e outros que computa como desejos... uma mulher e um homem juntos geram emoções magníficas e isto não pode ser pecado...
- Mestre, mas é assim que meus pais ensinaram-me a pensar. Que é pecado as coisas do amor carnal.
- Ah, filha... não creia em tudo o que lhe dizem... se amar em corpo e espírito fosse pernicioso, a vida jamais permitiria que tomássemos um corpo. Ela é sábia... confia naqueles que criou... nós é que aprendemos a desconfiar do que temos em nosso mundo interior... Você é uma mulher... isto é belo... não fuja de nada que seja seu tesouro interior, mesmo que sejam moedas sem valor aos olhos de outras pessoas. Quando souber a diferença entre ouro e cobre, jogue fora o que não é precioso e fique com o que lhe enriqueça por dentro. Mas nunca deixe de visitar o seu baú para saber o que tem lá, nunca...
- Isto me trará problemas, Mestre...
- Trará, filha?
- Vou me sentir solitária aqui...
- Já sente isso a muito tempo, só não tinha consciência... agora talvez seja a hora de lustrar o seu tesouro.
- E como farei isso?
- Tire-o do porão, traga-o à luz do sol, veja bem todos os detalhes dele e depois decida o que a fará mais feliz.
- E se eu escolher o pior caminho?
- Só saberá depois de percorrê-lo.
- E se eu sofrer e fizer sofrer?
- Volte e recomece.
- E se não for digna de perdão?
- Volte para quem a ama de verdade. Aí sempre encontrará o perdão.
- E quem é?
- Isto também terá que descobrir.
- Mestre...
- Sim, filha..
.- Tenho medo...
- Eu também tive muitas vezes e ainda hoje tenho...
- E o que faz então?
- Evoco a beleza do meu coração e confio nela.
- E dá certo?
- Deu certo agora com você...
- Mestre!
- Vamos caminhar um pouco. A tarde está tão amena. Encontrará inspiração para decidir...
E FORAM CAMINHANDO DEVAGAR PELA PLANÍCIE REPLETA DE PEQUENAS FLORES QUE VERGAVAM AO VENTO LEVE.
- Filha..? Por acaso não está pensando em matar alguém, está?
- Mestre!
SORRI COM SUA BRINCADEIRA E ELE TAMBÉM SORRIU.
MEU MESTRE TINHA FELICIDADE POR EXISTIR E UMA CONFIANÇA IMENSA NAS PESSOAS.
III - Os desejos-
É tão difícil descobrir o que queremos de verdade...
- Sim, é verdade, filha.
- Mestre? Quando descobriu seus desejos, o que fez?
- Realizei-os.
- Oh, todos?
- Sim, praticamente.
- Mas isso não é pecado?
- Alguns sim.
- Não entendo então.
- Agora eu sei o que cada um era. Mas antes, não.
- E isso lhe desculpa por ter sido tão leviano?
- Sim.
- Mestre!
- Que quer, meus desejos eram meus tesouros!
- Mestre!
- Filha querida, vejo que a escandalizo...
- Confesso que sim.
- E por que exatamente?
- Nunca pensei que alguém pudesse falar sobre isso com tanta naturalidade, ainda mais você Mestre.
- Esperava o que?
- Mais discrição e até o silêncio sobre esse assunto.
- Sim?
- Era isso que esperava de você.
- Isso convém a um sábio, não ?
- Está claro que sim.
- É assim que você deseja ser no futuro?
- Sim, Mestre. Desculpe se estou sendo grosseira. Sabe o quanto o amo, mas...
- Eu a decepcionei, ahn?
- Não, Mestre...
- Fale, não me aborrecerei...
- É que sempre foi a personificação da bondade e do equilíbrio para mim...
- E no que mudei?
- Foram essas suas confissões que me espantaram...
- Não fiz confissão alguma...
- Fez sim! Sobre os seus desejos!
- Mas isto não é segredo para ninguém aqui.
- Quer dizer que todos sabem?
- Sim.
- Mestre!
- Sim, filha?
- Como pode falar isso assim?
- Você não é alguém a quem amo?
- Mas pode me influenciar negativamente, Mestre. E se eu sair por aí repetindo as coisas que fez?
- Não poderá fazer isso.
- Como não?
- O que fazemos é fruto de nosso próprio desejo e não do desejo do outro.
.- Mas podemos influenciar as pessoas à nossa volta.
- Não quando falamos à verdade.
- Mestre, não compreendo. Mais uma vez fala por enigmas.
- Filha, quando meu tesouro era o dinheiro, busquei-o com todas as forças e fui muito infeliz. Semeei a infelicidade e fiquei só por muito tempo. Esta é a verdade. Daí entendi que o dinheiro tem um valor apenas relativo e nunca mais o desejei como algo vital.
- Mas esta história resumida parece simples. E as pessoas que magoou, isto não poderia ter sido evitado?
- Poderia se soubesse na época o que hoje sei. Mas não antes.
- Mestre, está confundindo minha cabeça. Que diz? Que devemos realizar todos os nossos desejos sem pensar?
- Não, de maneira alguma.
- Mas então não compreendo nada.
- Filha, o desejo que faz sofrer é aquele que nunca é reconhecido e permanece atormentando a alma.
- Mas, quer dizer que quando damos asas à nossos desejos, sejam quais forem, não estamos errando?
- Digo a você, filha, que o desejo em si não é um erro. Erro é nunca reconhecê-lo para que ele se transforme.
- Mas se tiver desejo de matá-lo, aqui, agora, Mestre, devo então realizar isso?
- E tem esse desejo?
- Está claro que não.
- Então por que você se preocupa com isso?
- Mas, Mestre, outras pessoas poderão ter esse desejo de matar.
- E muitas delas matarão.
- Então Mestre! Não acha que esta sua teoria está equivocada?
- E por que?
- Por que não se aplica a todas as situações e a todas as pessoas. Como posso aceitar que devemos saciar nosso desejo, quando o poço fundo de nossa alma pode abrigar estranhas e perigosas vontades?
- E o que acha que devemos fazer em relação a elas?
- Sufocá-las, trancá-las, esquecê-las.
- Sim... compreendo...
- E o que diz sobre isso?
- Temo por toda a pessoa que siga este rumo.
- Serão mais perigosas que as outras que fazem o que desejam?
- Sim, serão.
- Mestre, o que diz? Por que me confunde tanto?
- O assassino mais perigoso é aquele que permanece trancado no porão da alma, porque ele tem tempo para maquinar sua vingança. E quando pode realizá-la o faz com requintes de crueldade.
- E o que mata por impulso, também não é culpado?
- Sim, é. E compreenderá logo isso.
- Mas então?
- O outro, aquele que levedou no porão, teve tempo para convencer-se de que sua natureza é a de um assassino e só com muito custo e sofrimento terá sua paz de volta.
- Perdão, Mestre. Você é um sábio, mas suas palavras são profundas demais para mim.
- Filha, pode me dizer um desejo seu? Um desses bem pecaminosos?
- Mestre!
- Já possui algum que está trancado no porão? Está bem, vamos fazer isso de uma outra maneira. Eu vou contar uma história e você completará na medida em que eu abra espaço na narrativa, está certo?
- Sim...
– falei um tanto desconfiada.
- Era uma vez – começou ele...
– Uma princesa muito tímida. Vivia sozinha e trancada em seus aposentos. Por mais lhe chamassem ela não queria estar com ninguém. Quando estava só ela pensava repetidas vezes em...
- Ahn.. devo continuar a história?
- Sim. Essa é a brincadeira.
- Bem... a princesa pensava repetidas vezes em... em...
- Hum?
- Em um príncipe dos seus sonhos e como ele era bom, sábio, bonito, delicado, perfeito, enfim. Não poderia se casar com nenhum outro diferente daquele que estava em sua mente.
- E a princesinha desejava muito...
- Ela desejava que ele viesse, a raptasse e a levasse para o seu castelo onde seriam felizes para sempre...
- Mas se ela fizesse isso...
- Seus pais sofreriam muito, além de que seria considerada uma perdida...
- É isso que você deseja, filha?
- Eu?!?!
Meu Mestre desconcertou-me.
- Se surgisse um homem como esse da sua imaginação, se ele existisse, você partiria com ele?
- Não! Isso não seria certo!
- E por que?
- Porque aqui, em reclusão, me tornarei uma pessoa equilibrada e sábia. E lá, no mundo, eu seria apenas uma mulher como tantas outras...
- Então supõe que a sabedoria vem a você por um único caminho? Já pensou filha, que quando você se fecha em mau humor e se isola, pode estar amordaçando algo tão bonito quanto a capacidade de amar, gestando uma mulher fria e infeliz?
- Não, Mestre! A sabedoria me ajudará.
- A sabedoria não é amiga da ilusão, filha. Nunca passe por cima do que você é. Pode sentir todos os desejos mais horríveis dentro de você, se não os nega, pode ter chance de transformá-los antes que sejam perniciosos para você e para alguém. Mas se os trancafia dentro de você e finge que eles não estão lá está construindo uma máscara que lhe fará desconhecer-se e amargurar-se para sempre. Ás vezes quando reconhecemos um desejo, não conseguimos evitar de satisfazê-lo. A lei é de progressão e por isso não presenteia a ninguém com uma felicidade que não conquistaram por si mesmos... além disso a mulher que ama trancada no porão poderá se tornar alguém muito perigoso...
- Assim me assusta, Mestre...
- Venha cá minha menina. Deixa que lhe diga o que vejo em seus olhos. Você é uma bonita mulher, tem sonhos que acha lindos e outros que computa como desejos... uma mulher e um homem juntos geram emoções magníficas e isto não pode ser pecado...
- Mestre, mas é assim que meus pais ensinaram-me a pensar. Que é pecado as coisas do amor carnal.
- Ah, filha... não creia em tudo o que lhe dizem... se amar em corpo e espírito fosse pernicioso, a vida jamais permitiria que tomássemos um corpo. Ela é sábia... confia naqueles que criou... nós é que aprendemos a desconfiar do que temos em nosso mundo interior... Você é uma mulher... isto é belo... não fuja de nada que seja seu tesouro interior, mesmo que sejam moedas sem valor aos olhos de outras pessoas. Quando souber a diferença entre ouro e cobre, jogue fora o que não é precioso e fique com o que lhe enriqueça por dentro. Mas nunca deixe de visitar o seu baú para saber o que tem lá, nunca...
- Isto me trará problemas, Mestre...
- Trará, filha?
- Vou me sentir solitária aqui...
- Já sente isso a muito tempo, só não tinha consciência... agora talvez seja a hora de lustrar o seu tesouro.
- E como farei isso?
- Tire-o do porão, traga-o à luz do sol, veja bem todos os detalhes dele e depois decida o que a fará mais feliz.
- E se eu escolher o pior caminho?
- Só saberá depois de percorrê-lo.
- E se eu sofrer e fizer sofrer?
- Volte e recomece.
- E se não for digna de perdão?
- Volte para quem a ama de verdade. Aí sempre encontrará o perdão.
- E quem é?
- Isto também terá que descobrir.
- Mestre...
- Sim, filha..
.- Tenho medo...
- Eu também tive muitas vezes e ainda hoje tenho...
- E o que faz então?
- Evoco a beleza do meu coração e confio nela.
- E dá certo?
- Deu certo agora com você...
- Mestre!
- Vamos caminhar um pouco. A tarde está tão amena. Encontrará inspiração para decidir...
E FORAM CAMINHANDO DEVAGAR PELA PLANÍCIE REPLETA DE PEQUENAS FLORES QUE VERGAVAM AO VENTO LEVE.
- Filha..? Por acaso não está pensando em matar alguém, está?
- Mestre!
SORRI COM SUA BRINCADEIRA E ELE TAMBÉM SORRIU.
MEU MESTRE TINHA FELICIDADE POR EXISTIR E UMA CONFIANÇA IMENSA NAS PESSOAS.
quinta-feira, 7 de maio de 2009
MInha Flor (Letra de música)
terça-feira, 5 de maio de 2009
Rede
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