terça-feira, 29 de setembro de 2009

Certa Incerteza

Sempre que estou em silêncio
Vem alguém e pergunta porque
E eu que não tenho certezas
Penso com incerteza escancarada:
A única coisa que eu sei
É que estou em silêncio
Mais nada
Minha boca está fechada
E daqui não sai palavra

E se alguém insistente quer saber
Mas, sem palavras, por que?
Penso com a certeza que ignora:
Não sei...
Acho que foram embora...

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Arrasto as correntes ou as correntes me arrastam?

Amarradas em meus pés lá estão elas.
Pesadas correntes que me dão cansaço demais.
De perto vejo que os cadeados estão abertos e me espanto.
Mesmo assim não vou lá me libertar.
Tudo o que faço é cogitar nos porquês.
E para isso não preciso dos pés.

Mais um dia sem meu violão



Mais um dia e a música que brincava em minha mente teve que se recolher.
Cabisbaixa ela não entende. Por que não parei para que ela saísse pelas cordas do violão? Por que não ganhou corpo e vida para entrar por ouvidos nesse mundo de meu Deus?
Ela não entende quando explico sobre ganhar o pão de cada dia. Senta-se lá num canto e murmura baixinho que eu não a amo o suficiente.
Minha canção é uma menina e só queria vir pulando poças e sorrindo até chegar a minha boca.
"É tão simples" - ela me diz: "pare o que está fazendo, pegue o violão e toque! Sem isso, como vou nascer?"
Como explicar a minha música que tenho contas à pagar e que pra quase tudo preciso de dinheiro? Ela nada sabe sobre preço de passagem, sobre custo de vida. Se alimenta de si mesma e só precisa de um instrumento ou de uma voz para sair e ser.
E tem muitas irmãs... uma fila imensa de canções, cantigas... todas querendo ver o mundo aqui fora. Ficam batendo na porta e me dizem: "abra, por favor".
E eu, que perdida estou no meio de papéis, nesse grande palco da vida, ouço seus chamados e nem sei por onde começar pra deixar a música que mora em mim viver e voar.