quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Ponto Final

Não tenho mais poesia

Sou linguagem e desencanto

Sem melodia

Não escrevo enquanto sinto

Não vejo ponte entre encantos

Daquilo que nunca foi entendido

De forma alguma


Não quero falar de outra maneira

A não ser dizendo com todas as letras

Sem arranjos, nem pinturas

Virei cartesiana

E se me quiser

Vai ter que vir e pegar

E talvez, sim,

A resposta seja não

Porque nem todos os dias

Em que a surpresa me chama

Posso abrir a porta

Pode ser que nesse dia

Você venha

E eu tenha partido para dentro

Um lugar no centro

Inacessível a todos

Mas se não vier

Se não tentar

O único ponto que vai restar

No inexistente poema

É este

Final.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010




Parece incrível que eu chegue ao fim do ano

E deseje sonhos ao avesso:

Que um vento sacuda o interior das coisas

E borre a maquiagem dos falsos sentimentos

A verdade é que eu desejo que venha à tona finalmente

A lama
E que as partes turvas mostrem o que são

Nem límpidas, nem boas, nem leves

Parece duro desejar que a verdade se mostre

Nua e crua, sem dó nem piedade

Mas que seja ao menos algo que se possa ver
Nada de emoções falsas
Rostos amarelos

Vincos no lugar de sorrisos

Disfarçados

Assim posso dizer não
Isso não quero

Por aí não vou

E depois virar as costas e nunca mais voltar

Para um feliz ano velho