sábado, 27 de março de 2010

Minha amiga
O Tempo
tempo
O horizonte



Minha amiga
O vento
vento
O monte

estavam ali
e agora onde estarão

ficou apenas o gosto
esse gosto fascinante
de imensidão

Poema de Amor

Levei tempos a tecer e embalar
Em papéis perfumados
E laços de cor
Um lindo poema de amor
Foi tanto carinho e dedicação
E depois dias de janela
A espera do carteiro e a resposta
Pois um dia lá vem ele
Pela rua assoviando
Desalmado
Me entrega um pacote amassado
Um carimbo imenso
E nele escrito
Endereço inderteminado!
O meu poema de amor
O laço de fita de cor
E o papel perfumado
Voltaram para o meu lado
E o endereço, seu carteiro, não estava errado!

Marina Colasanti - A BUSCA DA RAZÃO

Sofreu muito com a adolescência.
Jovem, ainda se queixava.
Depois, todos os dias subia numa cadeira, agarrava uma argola presa no teto e, pendurado, deixava-se ficar.
Até a tarde em que se desprendeu esborrachando-se no chão: estava maduro.


Contos de amor rasgado-REcord, 2 ed, REcord, RJ-SP, 2010

(enviado por minha amiga querida Eliana Pichinine. Obrigada!)

voz na pele, pele na voz

Escorra sua voz em minha pele
com invisíveis mãos
e línguas
e silenciosos termos
escondidos nas palavras
Deslize devagar a sua voz
entre as idéias boas que me contará
coisas que fez
não fez
ou ainda fará
Alongue sua voz em torno de meu corpo
e fale por horas a fio
palavras, poemas, canções, histórias
coisas pequenas do dia-a-dia
Eu ouvirei sua voz em cada nuance
todas as pausas da respiração
todo o segundo de tempo suspenso no silêncio
entre uma frase e outra
E minha pele terá seda, linho, brisa
calor e carinho
enquanto escuta quieta
a sua voz