Não tenho mais poesia
Sou linguagem e desencanto
Sem melodia
Não escrevo enquanto sinto
Não vejo ponte entre encantos
Daquilo que nunca foi entendido
De forma alguma
Não quero falar de outra maneira
A não ser dizendo com todas as letras
Sem arranjos, nem pinturas
Virei cartesiana
E se me quiser
Vai ter que vir e pegar
E talvez, sim,
A resposta seja não
Porque nem todos os dias
Em que a surpresa me chama
Posso abrir a porta
Pode ser que nesse dia
Você venha
E eu tenha partido para dentro
Um lugar no centro
Inacessível a todos
Mas se não vier
Se não tentar
O único ponto que vai restar
No inexistente poema
É este
Final.