quarta-feira, 29 de junho de 2011

Sempreteamarei - Marcos Quinan

Nunca fui chegado a entões
Nem a palavras imaculadas
Não sou formado em dificuldades

Mas te sei composta, descomposta
Sempre sucessiva nos muitos quereres
E localista por opção ou prazer
Seguindo a cartilha dum mundo
Que não esta dentro de ti

Porque também te sei
Substrato da sublimação
E ato desvergado
Por isso todateamei

Porque te sei
Livre e exata na tua beleza
Pressurosa e pungente
Sempreteamarei



MQ

terça-feira, 28 de junho de 2011

Bloco dos surdos

Era carnaval
Eu gritava minhas verdades
Enquanto você sambava
No bloco dos surdos
Eu não gritava minhas verdades
E não era carnaval
Era só um bloco de surdos

Evaporou-se


O que posso fazer se de repente
É como se o rio transbordasse
Todos os seus peixes e plantas submersas?

Pois é no fundo do rio que estava dormindo o  meu amor
No fundo e não no leito, exposto
Morava lá, como quem quase não existe
Em silêncio e sábio

O que posso fazer se de repente o silêncio
Encharca as margens 
Como cansado de sempre correr no vão?
E que tristeza ver que o rio foi-se à toa
Para fora de si 

 E evaporou-se ao sol

Não há nada que

às vezes penso longamente em distâncias
depois rio da bobagem dessa crença
não há nada que separe nossas bocas
nem mares ou montanhas imensas
o que poderia impedir sua mão e a minha?
qual parede, muro ou trincheira?
que ordem severa haveria
que parasse o desejo em pleno sonho?
não existe o que aprisione a volúpia
pois ela se realiza nas frestas
nos orifícios, no vácuo
Ela escorre
E habita o inominavel lugar
Onde eu estou e você está

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Corpo à dentro

faça-me devagar
sentir na língua
as gotas do dia:
pitadas de sol
texturas de vento
arrepios escorrendo
espinha à baixo
corpo à dentro

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Vácuo

Vem
Eleva ao máximo silêncio
O muito sentir
Não há palavras
No vácuo
Quando seu nome é
amor

domingo, 19 de junho de 2011

Em alto mar

Apontei para a frente
 o bico do meu barco
Em direção ao horizonte
Enigmático lugar
Onde às vezes mora o temporal
Enfeitado de raios
Apontei
Para as ondas altas
Para as calmarias
Para os golfinhos saudando um novo dia

Icei minhas velas e parti
Porque o medo vai comigo aonde eu for
Então não vou parar
A alegria vai comigo aonde eu for
Por que parar?
A vida vai comigo em qualquer lugar

A vida é a ponta do meu barco
Em alto mar