sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Outro fim





Eu entendo a morte
A morte do amor
Entendo o fim
O ponto final
Não posso entender
Contudo
O cálculo do desprezo
O silêncio com palavras
Ocultas
O amor encarcerado
E que  quer se dar
De uma forma só
Ou nada

Ou  melhor
Eu entendo
Que o silêncio com palavras
Palavras de mágoa oculta
Se assim for
É o desprezo ao amor
Um outro triste fim
Mas este sim
O último ponto final

História



Antigos seremos
Empunhando bandeiras
Mais valiosas que as vidas
Menos importantes que um naco de chão
A mais
A mais

Modernos seremos
Quando desfizermos o mistério dos enlaces
Mais parecidos com nós de marinheiro
Que nos prendem ao mastro da embarcação
Pois em mares bravios
Talvez seja preciso cair no mar
Para nos salvar

Contemporâneos
Seremos
Quando a vida
O chão
O mar
E a embarcação
Forem todos uma coisa só

Unidos por nenhum nó
Nenhum nó


(Para minha amiga Eliana Pichinine (versoseanversosfotogenicos.blogspot.com)

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Olhares


Posted by Picasa

Eu digo


Te amo
Que importa se há gesto nas palavras?
Te amo
Que importa se as palavras soam longe?
Te amo
Que importa se nunca farei o que digo?
Te amo
Que importa sequer se eu realmente existo?
Te amo
Que importa a mais além disso:
Te amo
E se dizer o amor assim tão claro
Assusta os gestos, a palavra, a existência
Que importa?
Eu digo
Mesmo que a resposta seja
Silêncio


Um conto
Te amo
Um poema
Te amo
Uma canção

E é seu meu coração

Cintilância em aspereza


Você me toca

A folha cai
A superfície de um lago
O Silêncio na floresta

Você me toca

O vento o vento o vento
O chamado
Um reacendimento

Você me toca

Cintilância em aspereza
Desfalecimento
Úmida beleza

domingo, 14 de agosto de 2011

UM NADA



Em nada sou pra você
Em nada nada nada
A minha cara lavada
Marcada com meus desencantos
Meus cantos de corpo que sobram
Encantos de corpo que faltam
Minha alma escancarada


Em nada sou pra você
Em nada nada nada
Não sou princesa na torre
Nem virgem de pouca  jornada
Botei o rosto no espelho
Chorei de ficar manchada
O tempo é só o que tenho
O tempo é a minha enxada
Os calos, suor e cantigas
São pra você um nada

Um nada
De nada

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Líquido e Complexo




Tenho medo da parte quieta do seu nexo
A parte rija dele
A que o excede em muito
E que transborda em mim
Líquido e complexo
O desvario tinto dos seus pensamentos
O rascante corte da parte que renega
O medo que em mim transborda
E excede
O desvario doce dos meus pensamentos

Pedro Mexia - Vamos Morrer

Pedro Mexia: "Vamos morrer"


Vamos morrer, mas somos sensatos,
e à noite, debaixo da cama,
deixamos, simétricos e exatos,
o medo e os sapatos.


MEXIA, Pedro. Senhor fantasma. Lisboa: Oceanos, 2007.

De volta pra mim - CD Flor do Sol

 "De volta pra mim", canção do meu CD Flor do Sol, com fotos que tirei ontem, enquanto voltava pra mim, beirando o mar...



http://youtu.be/ylxv2-xkgDY