Estava lendo Fernando Sabino, “A Volta por Cima”, quando de repente descobri:
Eu estava à frente do meu tempo.
E não pensem que isso seja qualquer vantagem.
Apenas que, lendo o início, havia uma enorme ansiedade de saber o fim.
Quase empurrava Sabino e dizia: anda homem! Como termina esse troço?
Pois é.
Andava assim, sem saber.
Forçava a frase para o fim, pressionava o beijo, a conversa, a filosofia.
Estava mais interessada em como termina do que no gerúndio das coisas.
Que coisa.
Sofria de um mal comum.
Mesmo agora que narro um problema sério, já quero saber onde isso vai dar.
O pior é não querer, de jeito algum, voltar ao início para rastrear os
acontecimentos e entender o que aconteceu no meio do caminho.
Pra dizer a verdade, meu pensamento, agorinha mesmo, está sendo oprimido pra terminar essa crônica:
"Vai, vai logo para o fim.
Anda.
Termina.
Como termina?
Hein?"
E como não há resolução antecipada para a vida não vivida, sofro de uma doença de difícil cura: a dúvida eterna!
MMt - 15.08.12