quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Te perdôo por te trair

Os beijos que eu quis
Os delírios
O jantar à luz de vela
A beira de mar
Namorar
Dizer, declarar
O que eu quis ouvir
O que pensei dizer

Tudo isso
Eu dei ao vento
E o vento quis


Mas você não...

Então para que rir?
Te perdoo por te trair.

Solidão





Palavras e
Idéias
Como flores
Recém colhidas
Muito bem unidas
Num buquê

Solidão

Sorrisos
Bons pensamentos
Para lançar ao vento
Vozes dentro do peito
Novas cantigas
Amor no coração

Solidão

Tanta boca aberta
Pedindo pão
Muita gente em volta
Dos sim e não
Festa para sua canção

Solidão

Solidão

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Crônica da pressa




Estava lendo Fernando Sabino, “A Volta por Cima”, quando de repente descobri:
Eu estava à frente do meu tempo.
E não pensem que isso seja qualquer vantagem.
Apenas que, lendo o início, havia uma enorme ansiedade de saber o fim.
Quase empurrava Sabino e dizia: anda homem! Como termina esse troço?
Pois é.
Andava assim, sem saber.
Forçava a frase para o fim, pressionava o beijo, a conversa, a filosofia.
Estava mais interessada em como termina do que no gerúndio das coisas.
Que coisa.
Sofria de um mal comum.
Mesmo agora que narro um problema sério, já quero saber onde isso vai dar.

O pior é não querer, de jeito algum, voltar ao início para rastrear os acontecimentos e entender o que aconteceu no meio do caminho.

Pra dizer a verdade, meu pensamento, agorinha mesmo, está sendo oprimido pra terminar essa crônica:

"Vai, vai logo para o fim.

Anda.
Termina.
Como termina?
Hein?"

E como não há resolução antecipada para a vida não vivida, sofro de uma doença de difícil cura: a dúvida eterna!
 
MMt - 15.08.12