quinta-feira, 29 de março de 2012

O que bate


Agora mesmo um passado bateu na janela
Não abri
Eu moro numa casa sobre um fio
Sem quintal  nos fundos
Porque tudo é fundo
E alturas

Não abri
Nem colei meus ouvidos para ouvir
Os sussurros
Os murmúrios
As  batidas violentas
Os lamentos
E  foram muitos


Não abri porque
Tudo o que é  meu
Deve estar em mim
Não me ocupo do que bate
Com violência para entrar
E sim com o que chora e demora
Para sair

Não sei


Pela manhã eu ouço o som de meus não sei
Levanto e tomo café
Meio dia não sei pra onde ir
Meia noite eu não sei  se vou dormir
A qualquer hora espreitada
Eu não sei  se sei de nada

MMt
________________________________________

I do not know

 

In the morning I hear the sound of my not know
Get up and eat breakfast
Half day does not know where to go
Midnight I do not know if I go to sleep
Anytime peek
I do not know if I know anything

sábado, 24 de março de 2012

Um silêncio



Há um silêncio aqui
Um silêncio que não quer calar
Você não entende
Você nunca entenderá?
O coração é que quer falar

Há um silêncio assim

Feito de fios de luz
Vermelhos Brilhantes Voadores
E preso no pé da cadeira
Com laço apertado de cetim

Há um silêncio sim

Amarrado, quieto
Um silêncio que não quer calar
Você não entende
Você nunca entenderá?

MMt
 
__________________________________________________
A silence

There's a silence here
A silence that don't want to silence 
You do not understand
Will you never understand?

The heart wants to speak

There is a  kind of silence
Made of threads of light
Bright Red Flying
And caught the foot of the chair
With tight satin bow

There is a silence, yes...
Tied, quiet
A silence that don't want to silence

You do not understand
You'll never understand?


MMt
 

sexta-feira, 23 de março de 2012

O O que você não deve saber sobre morangos e paixões



Avisei a ela
Eu disse claramente
Nunca vá por aquele caminho
Porque lá tem muitos buracos
Onde se pode cair
Cheios de grandes morangos doces
E vermelhos
São saborosos sim
Mas os buracos são armadilhas
De onde é difícil sair

Um dia fui achá-la presa ao fundo
Ferida e sorrindo
Com a mão cheia de morangos
E a boca lambuzada

Eu disse
Largue esses morangos aí
Pegue a corda que eu lanço
Para que possa sair

Mas não me obedecia

São tão doces
Me dizia
Nunca comi nada igual

Eu pensei: fiz mal, muito mal
Jamais deveria ter falado de morangos
Somente sobre buracos


_______________________________________________________
 What you may not know about strawberries and passions


I warned her

I said clearly

Never go that way

Because there has many holes

Where you can fall

Filled with big sweet strawberries

And red

They are so tasty

But the holes are traps

Where it is difficult to leave



One day I find  her stuck on the bottom

Wound and smiling

With a handful of strawberries

And his mouth smeared



I said

Drop these strawberries here

Pick up the rope I throw

To exit from the bottom



But she did not obey



They are so sweet

She said

I have never eaten anything like



I thought I was wrong, very wrong

Should never have spoken about strawberries

Only about holes

terça-feira, 20 de março de 2012

Apresento um lindo blog: SEMIÓTICAS


 Na foto acima uma das fotos de Anna Mariani, fotógrafa aclamada, que captou centenas de imagens de fachadas nordestinas...


 "poesia estranha de uma "miséria que não se expressa como miséria, mas como riqueza de linhas e aparências" (Baudrillard)


http://semioticas1.blogspot.com.br/2011/08/onde-moram-os-anjos.htmlhttp://semioticas1.blogspot.com.br/2011/08/onde-moram-os-anjos.html

Agradeço a minha amiga e pesquisadora Tatiana Oliveira por me apresentar a este material de Anna Mariani.

sexta-feira, 16 de março de 2012

O CÉTICO E O LÚCIDO
 (autor desconhecido - enviado por e-mail por Rodrigo C. Martins)



No ventre de uma mulher grávida estavam dois bebês. O primeiro pergunta ao outro:
- Você acredita na vida após o nascimento?
- Certamente. Algo tem de haver após o nascimento. Talvez estejamos aqui principalmente porque nós precisamos nos preparar para o que seremos mais tarde.
- Bobagem, não há vida após o nascimento. Como verdadeiramente seria essa vida?
- Eu não sei exatamente, mas certamente haverá mais luz do que aqui. Talvez caminhemos com nossos próprios pés e comeremos com a boca.
- Isso é um absurdo! Caminhar é impossível. E comer com a boca? É totalmente ridículo! O cordão umbilical nos alimenta. Eu digo somente uma coisa: A vida após o nascimento está excluída - o cordão umbilical é muito curto.
- Na verdade, certamente há algo. Talvez seja apenas um pouco diferente do que estamos habituados a ter aqui.
- Mas ninguém nunca voltou de lá, depois do nascimento. O parto apenas encerra a vida. E afinal de contas, a vida é nada mais do que a angústia prolongada na escuridão.
- Bem, eu não sei exatamente como será depois do nascimento, mas com certeza veremos a mamãe e ela cuidará de nós.
- Mamãe? Você acredita na mamãe? E onde ela supostamente está?
- Onde? Em tudo à nossa volta! Nela e através dela nós vivemos. Sem ela tudo isso não existiria.
- Eu não acredito! Eu nunca vi nenhuma mamãe, por isso é claro que não existe nenhuma.
- Bem, mas às vezes quando estamos em silêncio, você pode ouvi-la cantando, ou sente como ela afaga nosso mundo. Saiba, eu penso que só então a vida real nos espera e agora apenas estamos nos preparando para ela...
No ventre de uma mulher grávida estavam dois bebês. O primeiro pergunta ao outro:
- Você acredita na vida após o nascimento?
- Certamente. Algo tem de haver após o nascimento. Talvez estejamos aqui principalmente porque nós precisamos nos preparar para o que seremos mais tarde.
- Bobagem, não há vida após o nascimento. Como verdadeiramente seria essa vida?
- Eu não sei exatamente, mas certamente haverá mais luz do que aqui. Talvez caminhemos com nossos próprios pés e comeremos com a boca.
- Isso é um absurdo! Caminhar é impossível. E comer com a boca? É totalmente ridículo! O cordão umbilical nos alimenta. Eu digo somente uma coisa: A vida após o nascimento está excluída - o cordão umbilical é muito curto.
- Na verdade, certamente há algo. Talvez seja apenas um pouco diferente do que estamos habituados a ter aqui.
- Mas ninguém nunca voltou de lá, depois do nascimento. O parto apenas encerra a vida. E afinal de contas, a vida é nada mais do que a angústia prolongada na escuridão.
- Bem, eu não sei exatamente como será depois do nascimento, mas com certeza veremos a mamãe e ela cuidará de nós.
- Mamãe? Você acredita na mamãe? E onde ela supostamente está?
- Onde? Em tudo à nossa volta! Nela e através dela nós vivemos. Sem ela tudo isso não existiria.
- Eu não acredito! Eu nunca vi nenhuma mamãe, por isso é claro que não existe nenhuma.
- Bem, mas às vezes quando estamos em silêncio, você pode ouvi-la cantando, ou sente como ela afaga nosso mundo. Saiba, eu penso que só então a vida real nos espera e agora apenas estamos nos preparando para ela...

domingo, 11 de março de 2012

Ah, que país



Ah, que país contente
A mulata que samba
Está desempregada


Ah, que país triste
O menino da gangue
Sabe sambar


MMt
 
 Oh,  what country
Oh, what a happy country
The girl that samba
is unemployed


Oh, what a sad country
The boy's gang  
knows sambar

sexta-feira, 9 de março de 2012

Divagante

Eu queria tanto dizer...
O que mesmo eu queria?
Eu estava tão a fim de...


Será que seria bom?

Talvez, nós dois...

Não, vou começar outra vez:

Eu queria tanto falar...
Que então, nós dois...
Ou, talvez...
Será que seria bom?

sábado, 3 de março de 2012

Madruguei II








Ainda é lua
atrás da janela
e já acordei

Minguante
ela
apareceu

Janelas
acesas
dos prédios
insones

acompanham
o recado lunar

Madrugada
exalando luz
pelos poros


incandesce
a imaginação

devasta
o silêncio
das cores

descortina
sensações

ainda não
reveladas


Eliana Pichinine