Saia de mim poesia
A que nunca escrevi
A que é dura e fria
Saia de mim
Esgueirada assim
Nas entranhas
Não me deixa sorrir
Nem voar
E o meu canto é triste
Saia como um vômito
Como um vento desenfreado
Montanha à fora
Que seja assim
Saia
Já é hora
O que pode haver
De tão difícil a dizer?
Saia para ver
Poesia calcificada
Grudada nas paredes do meu coração
Me impede de viver
O sim e não
O nunca mais
Adeus
Por isso mesmo
Batem na minha cara
Saem
Voltam
Fazem o que querem
Dormem gozam somem
Tudo porque não sei quem é você
Poesia louca
Saia para que eu possa ter
A alegria perdida
Um instante só inteira e leve
Sem a pena que espera
Parada eternamente
Sobre a vida